quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ensaio sobre a escrita

Como escrever?
É fácil, não? Letra após letra, que conjuntam-se em palavras e estas em orações que por sua vez geram frases. Frases geram textos e... acabou?

A escrita não é uma atividade mecânica. Muito menos intelectual...


Escrita é uma ação do coração.

A cada batida do coração, uma chuva de letras, que são entrelaçadas num amor íntimo, dando vida às palavras. Mas as palavras sozinhas, frígidas, sem alma, vazias. Como um ovo sem feto, um fruto sem semente, uma casca morta!

Até que o sentimento do escritor, que transita como eletricidade do coração aos dedos às teclas da máquina... tec!

tec!
Cada batida, ensurdecedora (tec tec tec tec) e fulminante, maculando o papel, fazendo-o sangrar com a tinta preta. Transforma tudo!( tec tec tec tec tec )O escritor vira emoção, o coração vira centelha de vida, a máquina é um instrumento mágico que grava sentimentos, formas, emoções, rostos, olhares, amores, paixões!! tectectectectectectectectectectectectectectectec

tec tec tec tec tec
O papel é um bloco virgem de mármore, é uma tela branca de linho, é um mundo inteiro, imaculado e vazio, esperando pelo milagre da batida de cada tecla acontecer, que um mundo seja criado! tec Que o milagre de criação da vida aconteça! FIAT LUX!



Até que acaba. tec! O mundo criado pelo coração do escritor não, mais, tem vida. Fadado a viver aprisionado em capa de couro, fechado! Até que uma alma o liberta, entrando no seu mundo para vivê-lo... até que a capa é fechada de novo. Nesse ponto, o mundo se multiplicou... agora está marcado na alma que o leu, e assim ficará até não mais ter alma que o leia. E daí ele vai para o Cemitério... o Cemitério dos Livros... se alguém acolhê-lo.






E tudo volta como antes...
A máquina; fria, morta.
O escritor; exausto e fraco.
O papel; nunca mais o mesmo.

...
Assim como foi esse jogo de amor de palavras.
tsc

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