Essa livraria ficou fechada por muito tempo! Tempo demais, eu diria.
E os livros aqui... estáticos, adormecidos, inertes. Mas não sem vida... Apenas dormentes. Um livro e sua história fica paralisado no tempo, quase esquecido! Até que uma alma o encontra e abre a capa de couro, puída, sofrida, castigada pelo esquecimento. A alma e o livro iniciam uma dança de troca, de dar e receber, tão intensa, tão carregada... O livro, a partir daquele momento que uma alma o libertou... está mudado.
Assim como quem o leu.
Nunca serão os mesmos.
O livro perdeu um pedaço de si, doou tanto a essa nova alma, entregou-se de coração... e levou um pedaço para si.
O leitor perdeu uma fração da sua alma, do seu coração, da sua força... e aprendeu com isso, cresceu, acrescentou, renasceu.
Enquanto o livro viver dentro daquele leitor, ele jamais será esquecido, jamais deixará de viver, nunca mais ficará inerte esperando outro leitor, outro coração que o incendeie novamente.
Só é esquecido aquele que não deixa sua marca.
Essa loja ficou tanto tempo parada, tanto tempo fechada, nenhum freguês, nenhum leitor... a leitora já aventura-se em outras histórias agora, outros livros terão o prazer de serem lidos por ela.
Assim como o escritor agora rabisca em outros papéis, com outras capas, outras histórias, outros amores, aventuras, mistérios... Livro, leitora e escritor cresceram, acrescentaram, trocaram e seguiram. E agora a história nunca será esquecida. Essa história será contada, mesmo que secretamente, dentro de cada uma das contrapartes, para sempre! Porque deixou sua marca...
Agora que a Livraria está aberta novamente, entre, Pequenina... brinque com as histórias, escolha um deles e adote-o. Guarde no coração e não deixe-o ser esquecido.
Garanto que essa livraria nunca mais há de fechar.
Pelo menos, não enquanto eu lembrar dela.
Daniel Sempere,
Comiat
3 comentários:
Querido Daniel, fico feliz por sua volta. Encontrei a Livraria fechada e mesmo assim a aguardei, visitando-a, lendo e relendo os textos e garanto que eles não ficaram assim tão sós, não nos momentos em que me doei à eles.
Que bom que você voltou!
Felicitações!
Com amor,
Mariana Cunha.
Essa míriade de textos, pensamentos, livros e leitores não merece o esquecimento. E não digo apenas por mim, mas também pelos livros que você tanto preza, um sincero OBRIGADO. A Livraria Sempere sempre estará aberta àqueles ávidos pela magia de doar-se a um livro.
Agora, já que me visita aqui na Livraria em meu regresso, diga-me... Já ouviu falar do Cemitério dos Livros Esquecidos? Por obséquio, se não o conhece, peço discrição. Se é familiarizada com O Cemitério, não preciso dizer nada, além de apontar a direção.
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A esse ponto, creio já não ser necessário repetir, mas o faço de bom grado... OBRIGADO, querida Mariana.
Ab amor, Daniel Sempere.
Comiat
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http://cemiteriodoslivros.blogspot.com/
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