segunda-feira, 25 de junho de 2012

Devorai-me, Esfinge!

Um mistério compele você a decifrá-lo. O mistério brinca com você, aviva o fogo da sua curiosidade e acorda a sua mente.

Ele entra em você e clama pela sua atenção, sem nem mover-se.
Ele pode ficar ali, parado. Olhando ao horizonte, sem nem notar-te. Mas ele sabe que o tocou, que sopra curiosidade, medo, emoção e excitação na brasa que recusa-se a morrer.



Te atrai e retrai, impelindo, puxando, seduzindo com cada movimento. Gracioso, felino, inebriante.




Te envolve cada vez mais numa dança de palavras e olhares.

Quando você menos espera, a Esfinge já começa a tomar posse de você. E você deixa, quer ser tomado, quer decifrar mais desse enigma, quer brincar com o emaranhado de palavras que ela joga em você. Imponente, ela age simples, descomplicada, aberta, quase vulnerável, mas não o é. É esculpida na pedra, mas não a é. É feita de fogo, que aquece a charada, distorcendo-se da espiral irracional que envolveu-o no início, como o abraço de uma serpente, serpente metálica, escura, cravejada de pedras, de abraço letal e mordida doce.

Molda-se, transforma-se, está em nenhum lugar e em todo o lugar. Sem nem tentar, sem nem mover-se, brinca com você, dança à sua volta como o o fogo que se alastra, tão quente quanto o que queima dentro dela.


E que incendeia você.




O mistério te atrai tanto que quando ele o tiver onde quer, sua alcova será tua doce sepultura, pois aos encantos do mistério, da Esfinge, da charada... você não vai sobreviver. Entrelaçados no abraço mortal, enfeitiçado e feitiço irão sucumbir... E o Tempo vira mero detalhe.
Sepultura, não de morte... de entrega. De reinício? Só a solução da Esfinge dirá.

Decifre-a ou ela te devora.